Casa dos Ventos fecha com a Vestas maior compra de turbinas eólicas da América Latina

Ao todo serão 291 aerogeradores, que vão totalizar 1,3 gigawatts de potência, para o Complexo Eólico Babilônia Centro, na Bahia, e para o Complexo Eólico Serra do Tigre, no Rio Grande do Norte

Para colocar de pé dois empreendimentos eólicos no Nordeste com investimentos na ordem de R$ 9 bilhões, a Casa dos Ventos fechou acordo com a Vestas para fornecimento de 291 aerogeradores que vão totalizar 1,3 gigawatts (GW) de potência. Este é o maior contrato já realizado pela fabricante dinamarquesa no mundo para turbinas onshore (localizados em terra) e a maior aquisição de equipamentos de energia eólica registrada na América Latina.

A parceria é para o fornecimento de equipamento para o Complexo Eólico Babilônia Centro, na Bahia, com 554 MW de capacidade instalada, que receberá 123 turbinas, e o Complexo Eólico Serra do Tigre, no Rio Grande do Norte, com 756 MW, que contará com 168 turbinas. As máquinas são do modelo V150-4.5MW.

As empresas fazem segredo do valor do contrato dos aerogeradores, mas sabe-se que, em média, os equipamentos custam entre 65% a 75% do valor global dos empreendimentos.

Em conversa com o Valor, o diretor-executivo da Casa dos Ventos, Lucas Araripe, e o presidente da Vestas América Latina, Eduardo Ricotta, contam que a parceria é de longa data e tornou a Casa dos Ventos a maior cliente da Vestas na América Latina. A fabricante também foi a fornecedora de turbinas para os Complexos Eólicos Folha Larga Sul, Rio do Vento, Babilônia Sul e Umari.

“Para este novo acordo, são 1,3 GW de máquinas. É o maior contrato da Vestas para projetos onshore, o maior da América Latina e um dos maiores do mundo (…). Somando os projetos anteriores e mais este último pedido, chegamos a mais de 3 GW parceria com a Vestas”, diz Araripe.

O executivo explica que a estrutura de financiamento será 30% equity e 70% dívida de longo prazo, sendo o BNDES e o BNB os principais meios. Como última opção, ele também considera o mercado de capitais.

Os projetos estão agora em busca de grandes consumidores para ancorar contratos de fornecimento (Power Purchase Agreement – PPAs, na tradução para o inglês) para o mercado livre, hoje a principal via de expansão da geração de energia renovável no Brasil.

Já Ricotta afirma que a companhia começa agora a mobilizar a fábrica no Ceará para a montagem dos equipamentos. A previsão é que as primeiras entregas comecem em 2024 com o comissionamento previsto para o primeiro trimestre de 2025. Ele prevê que cerca de 800 empregos serão criados por conta da parceria, que vai durar 25 anos para serviços de operação e manutenção.

Diante das tensões geopolíticas, ambiente inflacionário, riscos macroeconômicos e reflexos ligados à pandemia de covid-19, o desafio da Vestas é travar os custos e entregar o equipamento mantendo as margens. A empresa tem apostado em uma cadeia de suprimentos local, mas sabe que é difícil fazer contratos de commodities em longo prazo.

“A primeira coisa que fizemos foi aumentar o número de parceiros na cadeia de suprimentos. aumentamos os fornecedores de torres, transformadores. O segundo ponto que fizemos foi ter mais disciplina na cadeia fazendo compra condicionada aos contratos”, frisa Ricotta.

A parceria acontece em um contexto em que o setor eólico no Brasil está em estado de alerta. Em um momento de aquecimento dos investimentos no segmento, a decisão da americana GE Renewable Energy e mais recentemente da espanhola Siemens Gamesa de suspender a produção de novas turbinas eólicas no Brasil levanta o temor de uma possível escassez de máquinas e aumentos de preços no setor.

Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/03/30/casa-dos-ventos-fecha-com-a-vestas-maior-compra-de-turbinas-elicas-da-amrica-latina.ghtml