Nordex monta fábrica para atender projeto eólico na Bahia e prevê pico de até 350 empregados na unidade

Bons ventos sopram a favor do grupo alemão Nordex, que está com planos de expansão para o Brasil. O país já representa um volume significativo dos negócios da companhia em todo o mundo. No início do ano, essa importância aumentou ainda mais após a assinatura de um novo contrato com a Statkraft. Pelo acordo, a Nordex irá fornecer 91 turbinas eólicas de seu novo modelo N163/5.X, cada uma com 5,7 MW de potência, que serão instaladas no parque Ventos de Santa Eugênia, na Bahia. Os aerogeradores serão desenvolvidos na fábrica da empresa em Simões Filho (BA). Já as torres de concreto serão produzidas perto do parque eólico, em uma nova fábrica que a Nordex irá erguer em Uibaí (BA). “Temos a cultura de instalar uma fábrica próxima aos projetos em que participamos, com o objetivo de reduzir custos logísticos. Essa nova unidade de torres de concreto, no pico da obra, vai empregar até 350 pessoas. Iremos privilegiar a mão de obra local, assim como já fizemos em outras duas unidades do tipo no Brasil”, disse o diretor de vendas do Grupo Nordex no Brasil, David Lobo. Hoje, o país representa 13% das vendas globais da companhia e a expectativa é manter esse número ou até mesmo aumentá-lo nos próximos anos. “O que eu posso adiantar é que, em nosso plano de negócios para os próximos anos, o peso do Brasil vai se manter ou até aumentar no resultado da empresa em relação ao número de vendas”, completou Lobo.

Poderia nos contar as ações para conseguir o credenciamento desse novo modelo de turbina no BNDES?

No final de 2019, tomamos a decisão de mudar a plataforma de máquina que vendíamos no Brasil. Trabalhávamos com a plataforma AW, até que resolvemos alterar para a plataforma Delta. Quando tomamos essa decisão, começamos a verificar se o mercado tinha capacidade de produzir no Brasil essa máquina, em virtude de suas características. No início de 2020, quando começamos a ter indicações de que teríamos o primeiro contrato envolvendo esse modelo, a empresa passou a trabalhar no desenvolvimento dessa turbina com os fornecedores.

Para obter o código FINAME [Financiamento de Máquinas e Equipamentos], é necessário ter os fornecedores homologados para produzir os componentes. Estamos trabalhando desde o ano passado com os fornecedores. Entre o final de 2020 e início de 2021, a empresa conseguiu a homologação do BNDES. O código FINAME é um OK dado pelo banco que nos habilita a produzir essa máquina aqui no Brasil.

Com esse credenciamento, quais são as perspectivas de novos negócios no Brasil com esse modelo de aerogerador?

O modelo de aerogerador N163/5.X é o mais moderno dentro do nosso portfólio global. A receptividade no mercado tem sido bastante positiva. Muitas empresas nos procuram para colher mais informações a respeito do equipamento. Já estávamos ofertando esse modelo no mercado desde o ano passado.

Primeiro, fechamos um contrato grande com a Statkraft para fornecimento desses aerogeradores na Bahia. Depois, recebemos o código FINAME, o que traz muito mais conforto ao cliente. Então, o timing desses dois fatores foi muito bom para empresa: a assinatura do contrato com a Statkraft e obtenção do código FINAME, na sequência.

Sobre o contrato com a Statkraft, poderia detalhar o cronograma do projeto?

Serão entregues 91 aerogeradores do modelo N163/5.X, de 5,7 MW de potência cada. Os equipamentos serão instalados no parque eólico Ventos de Santa Eugênia, da Statkraft. As torres de concreto terão 120 metros de altura e serão fabricadas no próprio site. Ou seja, teremos uma nova fábrica em Uibaí, na Bahia, bem próxima ao projeto. Temos a cultura de instalar fábricas próximas aos projetos em que participamos, com o objetivo de reduzir custos logísticos.

Essa nova fábrica de torres de concreto, no pico da obra, vai empregar até 350 pessoas. Iremos privilegiar a mão de obra local, assim como já fizemos em outras duas unidades do tipo no Brasil – em Lagoa do Barro, no Piauí; e Areia Branca, no Rio Grande do Norte.

A execução do projeto com a Statkraft começa a partir do segundo semestre de 2021, contemplando ainda a produção dos aerogeradores na fábrica da Nordex em Simões Filho, na Bahia. O início de operação das máquinas deve acontecer no começo de 2023.

Gostaria de ouvi-lo também sobre a prospecção de novos negócios envolvendo esse modelo de aerogerador.

Desde o ano passado já estávamos ofertando essa máquina, como já disse anteriormente. A procura está sendo grande. E não é apenas uma procura com teor de especulação, mas sim uma procura real. Já temos negociações bastante avançadas para esse novo modelo. Com certeza, seremos um driver de mercado com esse produto.

Qual a importância do mercado brasileiro para o grupo atualmente?

No ano passado, o Brasil correspondeu a 13% das vendas globais do grupo. Somos uma unidade de negócio relevante dentro da empresa. O foco no Brasil é total. O que eu posso adiantar é que, em nosso plano de negócios para os próximos anos, o peso do país vai se manter ou até aumentar no resultado da empresa em relação ao número de vendas.

O percentual de 13% é um número relevante, se tratando de uma empresa que atua em mais de 25 países. Um mercado que responde sozinho por 13% das vendas é um destaque relevante. Por esse número, dá para ver que somos uma operação interessante. 

Qual será o planejamento da Nordex para os próximos anos?

A conquista deste primeiro projeto e a obtenção do financiamento FINAME são fatores muito positivos para a cadeia de fornecedores. Assim, eles veem que temos um pipeline de projetos e que estamos comprometidos a marcar presença com uma nova tecnologia. Então, agora o nosso foco, mais do que nunca, é que esse primeiro projeto seja bem executado, de forma a aumentar a nossa competitividade.

Quais as previsões para o mercado eólico brasileiro?

O mercado mudou bastante nos últimos por conta do Mercado Livre. Antigamente, ficávamos muito vinculados aos leilões. O Mercado Livre veio e cada vez mais está crescendo. Vejo uma demanda grande por novas máquinas nos próximos três ou quatro anos. A fonte eólica já está no nosso DNA, com alguns desafios com a solar e o gás natural. Mas a eólica tem performado bem. Então, acho que será um negócio duradouro nesse horizonte dos próximos anos. Haverá bastante demanda.

Fonte: https://petronoticias.com.br/nordex-monta-fabrica-para-atender-projeto-eolico-na-bahia-e-preve-pico-de-ate-350-empregados-na-unidade/