Raio-X das eólicas offshore em licenciamento no Brasil

“Esta história foi originalmente publicada pela epbr”

Com 42 gigawatts de potência, os parques eólicos offshore em licenciamento no Brasil ultrapassam a capacidade instalada nos parques em terra — que alcançou 18 GW no início deste ano — e dão o tom do potencial desse novo setor no país.

A alternativa para geração de energia renovável de larga escala está no radar de multinacionais como Equinor, Neoenergia e, agora, EDP e Engie.

No ano passado, a Equinor iniciou o licenciamento no Ibama dos parques eólicos offshore Aracatu I e Aracatu II. O plano é instalar o primeiro parque eólico no litoral do Rio de Janeiro e o segundo, entre os estados do Rio e do Espírito Santo.

De acordo com o projeto, os parques serão instalados a cerca de 20 km da costa, em profundidades entre 15 e 35 metros. Serão ao todo 320 aerogeradores, 160 por parque eólico, cada um com capacidade nominal de 12 MW.

Cada parque terá uma subestação offshore de conversão e escoamento da energia para a costa. Em terra, outra subestação faz a conexão com a rede interligada de transmissão.

Também em 2020, a Neoenergia iniciou o licenciamento de três projetos para a construção de eólicas offshore no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Ceará. Juntos, somam 9 GW de capacidade instalada em 600 aerogeradores.

O mais recente reforço de peso na prospecção do mercado eólico offshore brasileiro é Ocean Winds (OW Offshore), joint venture 50%-50% lançada em 2020 por EDP Renováveis e ENGIE, com sede na Espanha.

A empresa está licenciando cinco parques com 15 GW de capacidade, a maioria de grande porte. Projetos no Rio Grande do Sul (700 MW e 6,5 GW); Rio de Janeiro (5 GW); Rio Grande do Norte (2 GW); e Piauí (999 MW).

Ao todo, os 42 GW em desenvolvimento estão distribuídos por 20 projetos em sete estados. Saiba quais são:

Bahia

O projeto Nova Energia, da Sowitec, é o menor em quantidade de turbinas e potência, entre os 20 em licenciamento pelo Brasil.

Prevê apenas uma turbina com capacidade de 3,4 megawatts.

Ceará

São quatro: Caucaia (Bi Energia), Asa Branca (Asa Branca), Jangada (Força Eólica do Brasil) e Camocim (Camocim Eireli).

O maior é o Jangada, tanto em potência quanto em quantidade de turbinas. Serão 200 torres com potência de 15 MW cada, somando 3 GW.

Espírito Santo

O parque da Votu Winds prevê 1.440 MW de potência, a partir da instalação de 144 torres com potência de 10 MW cada.

Piauí

Dois parques. O Vento Tupi, da Ventos do Atlântico, está licenciando a instalação de 74 aerogeradores a 14 quilômetros da costa, para geração de 999 MW de potência.

Já o Palmas do Mar, da Bosford Participações, terá 93 turbinas gerando 1.395 MW no total.

Rio de Janeiro

O estado concentra quatro dos seis maiores projetos offshore em desenvolvimento.

O projeto da Ventos do Atlântico no Rio é o segundo maior do país, com 371 aerogeradoes e pouco mais de 5 GW de potência.

Em seguida vem o parque Aracatu, da Equinor, com 3,8 GW de capacidade e 320 turbinas.

Rio Grande do Norte

Também conta com quatro projetos. Ventos Potiguar, da Internacional Energias, é o maior, com 207 aerogeradores e capacidade total de 2,4 GW.

Ventos do Atlântico e Bosford Participações também têm projetos no estado, cada um somando cerca de 2 GW.

Rio Grande do Sul

Com 6,5 GW de potência, o parque Ventos do Sul, da Ventos do Atlântico, é o maior do estado e do país.

O empreendimento terá 482 turbinas dispostas a 21 quilômetros da costa.

Outros três parques estão previstos no estado: Águas Claras (Força Eólica do Brasil), com 3 GW; Ventos Litorâneos (Bosford Participações) 1,2 GW; e Tramandaí Offshore (Ventos do Atlântico), 702 MW.

*Com informações do Ibama

Regulamentação

Os projetos se dividem em dois perfis: os que tentam avançar com a regulação atual e outros de grande escala que aguardam uma definição sobre qual será a política brasileira para as eólicas offshore.

A regulação do setor começou a ganhar mais relevância no planejamento energético no ano passado, com a publicação do Roadmap Eólica Offshore (.pdf), da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

No documento, além do potencial, são apontadas soluções regulatórias para resolver a concessão de direito de exploração das áreas marítimas.

Além da licença ambiental, há uma discussão entre diversos órgãos do governo e no Congresso Nacional sobre os direitos de exploração das áreas offshore.

Recentemente, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, garantiu a publicação de um marco regulatório até o fim do ano, mas não está definido se o governo vai propor um projeto de lei ou tratar o assunto exclusivamente pelo CNPE.

Há também um projeto de lei, proposto pelo senador Jean-Paul Prates (PT/RN), que tenta criar um marco regulatório para a instalação de eólicas offshore no Brasil, inspirado no modelo de exploração por blocos do setor de petróleo.

Nele, o governo promove concorrências pelos blocos, um prisma imaginário em que as empresas contratam o direito de explorar e produzir.

Sobreposição de projetos

Uma das questões é a sobreposição de projetos, que já se mostra um problema.

No Rio Grande do Norte e no Espírito Santo há parques em licenciamento que preveem a exploração do mesmo polígono.

No Rio Grande do Norte, a potencial disputa é entre Força Eólica do Brasil (Neoenergia), Ventos do Atlântico (OW Offshore) e Bosford Participações.

Fonte: https://epbr.com.br/raio-x-das-eolicas-offshore-em-licenciamento-no-brasil/